13 de agosto de 2016

"Olimpíndios"...

No estado que tem a segunda maior população indígena do Brasil, Mato Grosso do Sul, os jogos tem sido 'braçadas' de ações de despejos' contra os Guarani-Kaiowá. É torcer para que o mundo não assista a mais um massacre contra o tekoha Kunumi Vera.
 
Imagem printada do vídeo produzido pela Imprensa Cimi aqui.

Por Tereza Amaral

Depois dos despejos dos tekohas Apyka'i e Ita Poty mais uma liminar de reintegração foi expedida, favorecendo a  produtora rural Silvana Raquel Cerqueira Amado Buainain, dona da fazenda Yvu, que incide sobre a Terra Indígena Dourados-Amambaipeguá I, mais precisamente na retomada Kunumi Vera onde ocorreu o massacre de Caarapó.
 
O juiz Janio Roberto dos Santos sinalizou a ação de despejo, no dia 06 de julho. Na área, o agente de saúde Clodiodi de Souza, 26 anos, foi assassinado e mais cinco indígenas Guarani-Kaiowá, inclusive uma criança de 12 anos, feridos com "tiros ao alvo em regiões letais": cabeça, abdômem e tórax . Até esta data  nem mandante nem pistoleiros foram presos.
 
A reintegração contra o tekoha Kunumi Vera, também conhecido como Toro Paso, é a terceira expedida contra os Guarani-Kaiowá. Nas duas primeiras 'mataram' os direitos humanos: o mundo estarrecido assistiu a crianças de colo debaixo de frio  serem expulsas para a beira da rodovia.

Famasul
 
A prorietária da fazenda é filha de um dos fundadores da  Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul),  o já falecido produtor Sylvio Mendes Amado, segundo informações do El País.

Os ataques contra indígenas naquela região normalmente são praticadas de forma coletiva - em bloco com inúmeros fazendeiros - como aconteceu no caso Semião Vilhalva.
 
Uma estratégia de um "jogo fatal" muito possivelmente utilizada  para dificultar a identificação de mandantes. Isso sem falar no menosprezo à inteligência. Exemplo disso foi a declaração dada pelo irmão da fazendeira Silvana Raquel ao jornal espanhol.
 
"Os indígenas foram atingidos na área da aldeia e não na área da minha irmã. O que aconteceu lá dentro [da aldeia] a gente não sabe... não havia nenhum produtor rural armado, nem com arma de bala de borracha. Eles estavam apenas com fogos de artifício", declarou o irmão da fazendeira  José Armando Cerqueira Amado ao El País.

Na liminar de reintegração expedida pelo juiz Janio Roberto dos Santos,  da 2ª Vara da Justiça Federal de Dourados, cabe a Funai, órgão que o governo interino de Temer tentou colocar um general da reserva do Exército como presidente, "exercer a sua missão Institucional e legal e proceder ao deslocamento/remoção dos indígenas para área adequada". Ler matéria do Cimi aqui.

NOTA

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