16 de agosto de 2016

A Resistência Guarani-Kaiowá narrada em fotografia

O fotógrafo indígena Dionedison Cândido  vai expor 25 trabalhos na semana comemorativa ao 28º aniversário do Teatral Grupo de Risco 
 


Por Tereza Amaral
com Dionedison Cândido

Um homem, uma máquina fotográfica e a Resistência Guarani-Kaiowá revelada na arte e em sua essência:  crianças e adultos resistem pela terra nas lentes do indígena Terena Dionedison Cândido, 38 anos.
As fotografias em Preto e Branco são uma narrativa do cotidiano numa linguagem que dispensa palavras. As imagens falam no trabalho do fotógrafo que possui  um diferencial:  ele se 'autorretrata'.
Natural da aldeia Bananal, a cada click consegue captar muito mais do que a imagem.  E revela as entranhas de um povo da infância até a morte num mesmo seguimento – a necessidade do direito ao  pertencimento do território tradicional e a luta pela existência através da resistência.
Nas fotos acima, algumas das 25 que serão exibidas ao público numa  exposição por ocasião do 28º aniversário do  Teatral Grupo de Risco (ver informações da mostra abaixo),  Dionedison  reúne imagens de crianças com arco e flecha, reagindo a ataques de aviões ‘pulverizando’ aldeias com agentes químicos (agrotóxicos), a miséria nas áreas retomadas, o grafismo facial, identidade étnica definida pelo  ilustre Darcy Ribeiro como “ tela onde os índios mais pintam, e aquela que pintam com mais primor”.
Crianças Guarani-Kaiowá no túmulo do indígena Semião Vilhalva, assassinado por pistoleiros na retomada Nhanderu Marangatu , no município de Antonio João (MS)


Líder espiritual
As imagens ecoam por demarcação e justiça no olhar das crianças,  nos sepultamentos de líderes assassinados pelo agrocrime e descansam no sistema de crenças, enquanto líderes políticos (Aty Guasu) reivindicam em Brasília os seus direitos.



Ao ser indagado sobre o modo de fotografar, Dionedison diz: "hoje consigo me controlar sem que o sentimento de dor e revolta possa interferir". Ele começou a fotografar em 2013 no dia do assassinato do guerreiro Oziel Terena.
 
Soldados da Força nacional em região de conflito


 Em contato com o  fotógrafo de guerra André Liohn, que conheceu em sua aldeia no Mato Grosso do Sul, aprendeu a transcender a dor em momentos tensos, tais como em  reintegração de posse.
 
Mesmo sem ter formação superior em fotojornalismo -  fez curso no  Pontão de Cultura Guaicurus e no próprio Teatral Grupo de Risco - com sua câmera  semiprofissional retrata a própria vivência. Os povos da sua etnia Terena  também estão na mostra, além de outras etnias retratadas na Rio + 20, na capital carioca.
 
Indígenas no Rio de Janeiro _ Dionedison Cândido
 
Dionedison Cândido em Brasília _ Foto Arquivo Pessoal


Serviço
Exposição na Semana do 28º aniversário do Teatral Grupo de Risco
Dia: 25.08.2016
Local:   Rua José Antônio, 2170, Vila Rosa Pires
Campo Grande/MS
Página Facebook _ http://migre.me/uGoiQ

Entenda o conflito pela terra no MS
 
 

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