24 de setembro de 2015

Indígenas e movimentos populares lançam campanha Eu quero: CPI do Genocídio em ato público na Assembleia Legislativa do MS

 

Cerca de 200 pessoas, entre indígenas do povo Terena e movimentos populares do campo e da cidade, ocuparam na manhã desta quinta-feira, 24, o plenário da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, em ato público, para lançar a campanha Eu Quero: CPI do Genocídio!, que pretende mobilizar a sociedade sul-mato-grossense e nacional, além de organismos internacionais de direitos humanos, contra a matança orquestrada de indígenas, a falta de demarcação e a criminalização dos movimentos sociais no estado. A sessão chegou a ser suspensa por conta dos protestos dos manifestantes.

O objetivo da campanha é fazer a contraposição à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), aberta por pressão da bancada ruralista. Mesmo sem fato determinado, e sem demonstrar nenhum indício de ilegalidade por parte do Cimi, a deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB), inventora e animadora da CPI, acusa a organização de incitar as retomadas realizadas pelos indígenas.

A campanha pede ainda a moratória do agronegócio no estado até que as terras indígenas estejam demarcadas. No Mato Grosso do Sul, conforme dados de organizações do setor pecuário, existem 23 milhões de cabeças de gado, sendo que cada animal ocupa, em média, um hectare de terra. A comunidade de Ñanderú Marangatú, composta por 1.500 Guarani e Kaiowá, ocupava, antes das retomadas do último mês de agosto, 100 hectares.
  
Para os povos indígenas e movimentos populares, a intenção da chamada ‘CPI do Cimi’ é desviar o foco dos 10 ataques sofridos pelo povo Guarani e Kaiowá de Ñanderú Marangatú, Guyra Kamby’i, Pyelito Kue e Potrero Guasu desde o assassinato de Semião Vilhalva, no último dia 29 de agosto.
Semião estava em Ñanderú Marangatú, terra indígena homologada em 2005, quando a presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Maria Ruiz, liderou um bando de fazendeiros, em um comboio com cerca de 100 camionetes, que atacaram a comunidade a tiros de arma de fogo e borracha.

A ‘CPI do Cimi’, conforme os participantes do ato público, pretende também enfraquecer a luta dos povos indígenas pelos territórios tradicionais. A verdadeira CPI, dizem os indígenas, deve ser aquela que investigue as milícias e os assassinatos de lideranças no estado, que nos últimos 12 anos atinge a marca de 390 indígenas. Vídeos, relatos da imprensa sul-mato-grossense e até a presença comprovada de parlamentares em ataques contra as comunidades percorrem as redes sociais. 

Tais números são fatos determinados. Por conta disso, a campanha pela CPI do Genocídio pretende denunciar a matança de indígenas e demonstrar como a cadeia do agronegócio se alimenta “desse sangue” para exportar carnes e grãos produzidos em terras tradicionalmente ocupadas. Além disso, a campanha visa demonstrar a omissão do Estado brasileiro e o não cumprimento, por parte do governo federal, das demarcações determinadas pela Constituição Federal.
  
Para acompanhar as ações da campanha, clique aqui. A reprodução dos materiais visuais, vídeos, fotos e textos é livre: use e abuse.

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> Somos todos indígenas e estamos na luta pela CPI do Genocídio


Outras informações – Assessoria de Imprensa
Karina Vilas Boas: (67) 91426.522 / MST
Renato Santana: (61) 9979.6912 / Cimi

Saiba quem são e o que pensam os ruralistas anti-indígenas do Mato Grosso do Sul

Valfrido Medeiros Chaves, proprietário rural e presidentes dos Sindicato Rural de Campo Grande (E), deputada estadual Mara Caseiro (PTdoB) (C) e Luana Ruiz, proprietária rural e advogada (E) 
Fotos Geovanni Gomes em Topm
ídia News


 Uma audiência pública que debateu a questão indígena no Mato Grosso do Sul, na Assembleia Legislativa em (6/07), foi marcada pela presença massiva de proprietários rurais, entidades e autoridades ligadas aos interesses agropecuários de Mato Grosso do Sul.

O debate foi iniciativa das deputadas Mara Caseiro (PTdoB) e Antonieta Amorim (PMDB), e dos deputados Zé Teixeira (DEM), Paulo Corrêa (PR) e Eduardo Rocha (PMDB), junto de sindicatos rurais do estado e proprietários que pressionam medidas do governo federal.

Mara Caseiro criticou o governo federal na figura da presidenta Dilma Rousseff. “Falta coragem da presidenta para lidar com a questão”. Com a mesma opinião dos proprietários, a deputada também criticou a atuação da Funai (Fundação nacional do índio). “Entendemos que propriedades tituladas não podem ter a ação da Funai”.

Luana Ruiz, proprietária rural e advogada,  também esteve presente na audiência. Luana é conhecida por suas críticas a entidades como a Funai e Cimi (Conselho Indigenista Missionário), além de ser especializada, juridicamente, na defesa dos produtores rurais. “Índio tem que falar por si, os órgãos como MPF (Ministério Público Federal) têm que parar de defender ‘invasões’”, se referiu ela à defesa das ocupações indígenas.

Luana também criticou a atuação da Funai em delimitar terras para os povos indígenas, que segundo ela “como um passo de mágica transforma em terra indígena e inviabiliza a iniciativa privada”. A proprietária ainda afirmou que o Cimi ‘incita conflitos’, e assim como os outros proprietários, defende a PEC 215.

Orlando Baez, superintendente federal da Agricultura em Mato Grosso do Sul, afirmou que o Ministério da Agricultura não está ligado a questão, e que o Ministério envolvido é o da Justiça. Orlando acredita que a PEC 215 é um ‘caminho’ para resolver a questão.

Diogo Peixoto e Valfrido Medeiros Chaves, proprietários rurais e presidentes dos Sindicatos Rurais de Amambai e de Campo Grande, respectivamente, afirmaram que os atos de violência contra os indígenas nas terras, marcas características dos conflitos, ‘são necessários’. “Chega momentos críticos que não tem o que fazer”, defendeu Diogo Peixoto.

Questionado sobre a disparidade de forças entre os povos indígenas e os proprietários, Valfrido Chaves, proprietário de uma fazenda em Aquidauana, defendeu as ações dos proprietários. “Tem que oferecer resistência porque o governo não dá segurança. Tem que buscar os próprios ‘meios’”.

Valfrido também é um forte defensor da PEC 2015 que ele afirma ser fundamental para a ‘justiça’. “A Funai é comprometida ideologicamente. Não há incompetência da Funai e do governo. Há incompetência para o mal”, enfatizou ele. Fonte: http://www.topmidianews.com.br

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