9 de junho de 2015

Gaspem: Nota Pública da Aty Guasu a todas autoridades federais

Imagens _ Aty Guasu

As lideranças de Aty Guasu e todas as comunidades Guarani e Kaiowá injustiçadas recomeçam a sofrer o cerco e ataque de pistoleiros das fazendas neste mês de junho de 2015, após a visitação da comitiva de autoridades federais. Diante desses fatos, através desta nota pública vimos comunicar a todas as autoridades federais, sociedades nacionais e internacionais.

 Além disso, vimos repudiar a decisão da justiça federal-Dourados-MS, favorável aos grupos de pistoleiros Gaspem assassinos de povos indígenas do MS.
Justiça Federal em Dourados-MS, o juiz federal substituto Fabio Kaiut Nunes ignorou oito (8) ataques terroristas e genocidas às comunidades Guarani e Kaiowá promovida pelos pistoleiros Gaspem; a mando dos fazendeiros, dezenas de lideranças foram assassinadas pelo grupo Gaspem.

 Em decorrência desses 8 ataques genocidas, centenas de crianças, mulheres e idosos massacrados tornaram-se deficientes físicos carregando as balas nos seus corpos, mas esse juiz federal substituto livrou os criminosos de punição cometendo mais uma grande injustiça contra os povos Guarani e Kaiowa. Assim, a justiça federal em Dourados-MS incita ação de genocídio e violências contra os povos indígenas no MS.
 
Diante dessa decisão judicial nociva aos povos indígenas ameaçados e ofendidos vimos através desta nota pública socializar a nossa indignação, pedindo outra justiça de verdade de reparação. Como já anunciamos antes, nos últimos 40 anos, os fazendeiros mandantes e seus pistoleiros assassinos dos indígenas não são julgados e punidos pela justiça do Brasil que perdura até os dias de hoje 2015. 

Os pistoleiros da Gaspem coordenado por ex-policial Aurelino Arce, no Estado de Mato Grosso do Sul, entre os anos de 2000 e 2013 financiados pelos fazendeiros, começaram a atacar, massacrar e torturas as crianças, mulheres, idosas e idosos indígenas e, sobretudo assassinar as lideranças indígenas. Esse ataque brutal às comunidades indígenas foi e é ainda permitido pelo governo federal e pela própria justiça federal. 

 m maio de 2015, a Justiça Federal em Dourados-MS cita que “seria impossível de evitar o genocídio” promovido contra os povos indígenas, no Mato Grosso do Sul. “É impossível” de diminuir os crimes contra os povos indígenas. Ao mesmo tempo juiz federal ignorou 8 ataques genocidas às comunidades promovidos pelos pistoleiros Gaspem, livrando os pistoleiros da Gaspem de punição.
 
Essa decisão da justiça federal é extremamente nociva aos povos indígenas, colocando em risco iminente as vidas indígenas. Por essa razão, através desta nota repudiamos essas duas decisões consecutivas de juiz federal substituto. Pedimos ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para realizar uma intervenção necessária na postura parcial deste juiz federal substituto em Dourados-MS, visto que a própria justiça federal-Dourados-MS, em um mês está incitando as violências diversas e a ações de genocídio contras os povos indígenas no Mato Grosso do Sul.

 A seguir, apresentamos as comunidades Guarani e Kaiowa e as lideranças indígenas atacadas, massacradas e assassinadas pelos pistoleiros da Gaspem, a mando dos fazendeiros. Esses fazendeiros mandantes e os contratados pistoleiros da Gaspem foram liberados e impunes pela justiça federal de Dourados-MS, por isso os ataques e ameaça de morte às comunidades recomeçam a ocorrer neste mês de junho no Mato Grosso do Sul.

Em 2000, na terra indígena Potrero Guasu-Paranhos, mais de 50 pistoleiros fortemente armados atacaram e massacraram as crianças, mulheres, idosos indígenas Guarani Kaiowá. Os pistoleiros fraturaram as pernas e os braços das crianças, mulheres idosas. Queimaram todas as habitações indígenas e expulsaram todos os indígenas.

Em 2001, na terra indígena Ka’a Jary-Amambai-MS, as crianças, idosos, mulheres, Guarani e Kaiowa foram atacadas, torturadas e despejadas violentamente pelos homens fortemente armados. Os pistoleiros fraturaram as pernas e os braços das crianças, mulheres idosas. líder Samuel Martim foi assassinado pelos fazendeiros.

Em 2003, na terra indígena Takuara-Juti-MS, os fazendeiros assassinaram a liderança Marco Veron. Ao mesmo tempo, as crianças, idosos, mulheres, Guarani e Kaiowa foram atacadas, queimadas, torturadas e despejadas violentamente pelos mais de 50 homens fortemente armados, mas os assassinos e mandantes não foram condenados como assassinos pela justiça federal.

 Em 2005, a comunidade de terra indígena tekoha Sombrerito-Sete Queda-MS foram atacadas, queimadas, torturadas e despejadas violentamente pelos mais de 40 pistoleiros homens fortemente armados. No momento a liderança Dorival Benites foi assassinado brutalmente pelos fazendeiros.

Em 2007, na terra indígena tekoha Kurusu Amba os pistoleiros da Gaspem atacaram, dominaram e torturaram crianças, mulheres, idosos, mataram idosa de 70 anos ñandesy Xurite Lopes. 

Em 2008, o grupo de pistoleiros armado da Gaspem atacou e massacrou a comunidade de tekoha Itay-Douradina.

 Em 2009, na terra indígena tekoha Ypo’i-Paranhos-MS, os fazendeiros e mais de 50 pistoleiros atacaram, torturaram 80 Guarani e Kaiowa e assassinaram dois líderes indígenas e ocultaram os cadáveres de Rolindo Vera e Genivaldo Vera. O cadáver de Rolindo é ocultado pelos fazendeiros até hoje.

 Em 2010, os pistoleiros da Gaspem atacaram a comunidade de Apyka’i-Dourados-MS, as crianças, idosos foram atacadas, queimadas, torturadas e despejadas violentamente pelos pistoleiros fortemente armados da Gaspem.

 Em 2011, as crianças, mulheres e idosos (as) de tekoha Pyelito kue-Mbarakay -Iguatemi-MS foram atacadas, massacradas e expulsas pelos pistoleiros da Gaspem.
 
No dia 18 de novembro de 2011, na terra indígena Guaiviry-Aral Moreira, entre Amambai e Ponta Porã-MS, crianças, mulheres, homens, idosos indígenas foram atacados e torturados pelos pistoleiros da Gaspem. No momento, o líder Nisio Gomes foi assassinado brutalmente e cadáver ocultado pelo grupo da Gaspem. O cadáver do cacique Nisio está ocultado pelos fazendeiros até hoje.

 Diante desses fatos relatados, entre outras violações de direitos, os líderes indígenas e Conselho de Aty Guasu Guarani, Kaiowá injustiçados, ameaçados e ofendidos se encontram em movimentos e em mobilização permanente em níveis nacionais e internacionais, demandando a justiça de verdade, pedindo julgamento e punição aos fazendeiros e pistoleiros assassinos.

Por fim, é com profunda indignação, por meio desta nota repudiamos a posição e decisão nociva da justiça federal contra os povos indígenas.
Nossa posição é clara, para sobrevivermos em nossas terras indígenas tradicionais vamos continuar resistindo e lutando firme pela efetivação de nossos direitos indígenas e humanos, buscando outra justiça de verdade. Nessa nossa luta árdua contamos com apoio de todas as sociedades nacionais e internacionais.

 Aty Guasu luta contra a injustiça e o genocídio
Tekoha Guasu Guarani e Kaiowa, 09 de junho de 2015.
Atenciosamente,
Lideranças de Aty Guasu Guarani e Kaiowá

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