12 de fevereiro de 2015

Mortalidade indígena cai 12,19%, mas saúde ainda tem poucos recursos no MS

Edivaldo Bitencourt e Juliene Katayama


Investimentos  em saúde são insuficientes, mas reduzem mortalidade infantil (Foto: Arquivo)Investimentos em saúde são insuficientes, mas reduzem mortalidade infantil (Foto: Arquivo)



A mortalidade infantil indígena teve redução de 12,19% no ano passado, de 33,20 para 29,15 para cada mil nascimentos, segundo a SEI (Secretaria Nacional Especial Indígena). Apesar de continuar em queda desde 1999, quando chegou aos números assustadores de 140/mil, a saúde indígena ainda tem poucos recursos em Mato Grosso do Sul.


Segundo o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, a taxa de mortalidade infantil continua em queda no Estado, que conta com 73 mil índios, a segunda maior população no País. A taxa chegou a ser escândalo nacional e ser comparável aos países miseráveis da África, quando 140 de cada mil crianças nascidas vivas morriam antes de completar um ano.

Em 10 anos, considerando-se a taxa de 60,64 registrada em 2004, houve queda de 50% no índice de mortalidade infantil nas aldeias do Estado. No entanto, os números ainda são alarmantes, já que são o dobro da média estadual, que está em 15,14, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Durante prestação de contas no auditório da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional de Mato Grosso do Sul), Alves informou que o orçamento deste ano para a saúde indígena é de R$ 60 milhões. O investimento per capita é de R$ 1 mil/habitante.

Apesar do valor ser superior aos R$ 600 por habitante investido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o montante é insuficiente. De acordo com Antônio Alves, o dinheiro para saúde indígena inclui os gastos com logística.

O problema no Estado é a precariedade das estradas de acesso às aldeias, que não possuem manutenção e exige mais dos veículos, conforme explica o chefe do Departamento de Atenção à Saúde da SEI, Vanderlei Guenka.

Por este motivo, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Pedro Luiz Gomes Lulu, conta que a entrega dos novos veículos não ajuda muito o setor. “Estamos há três anos na estaca zero”, argumentou.

A superintendente estadual Indígena, Silvana Dias de Souza Albuquerque, destacou que o transporte é essencial para garantir o atendimento de saúde nas aldeias porque são distantes.

Nesta quinta-feira, o Governo federal entregou 15 viaturas para a saúde indígena, sendo 13 caminhonetes, uma van e um caminhão (para saneamento). Também foram entregues 400 bicicletas.

“O principal problema de saúde nas aldeias é a falta de saneamento”, avaliou Lulu. Ele disse que essa carência afeta outros problemas.

Segundo Guenka, os principais problemas de saúde das crianças indígenas são pneumonia, diarréia e nascimento prematuro que precisa de atendimento em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Entre os adultos, os problemas são hipertensão, diabete, tuberculose e osteomuscular (problemas de coluna).

Silvana citou que o Governo estadual pretende levar água para as reservas indígenas e criar um programa de saúde específico para as mulheres indígenas.

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