10 de dezembro de 2014

Indígenas Guarani-Kaiowá procuram corpo da jovem assassinada

Por Tereza Amaral

Na área de retomada Tey’Juçu (Origem da Terra Grande), na ultima segunda-feira, a jovem Julia Venezuela Almeida Guarani Kaiowá, 17 anos, foi assassinada e teve seu corpo roubado por pistoleiros da fazenda Burana. Indígenas fizeram busca na tentativa de localizar o corpo durante a noite.



Morte

Cerca de 40 Hilux chegaram na área já com os pistoleiros atirando. “No meio da poeira eu vi o corpo da guria ser arrastado e jogado na caçamba de uma das caminhonetes que partiu em alta velocidade", disse à reportagem do Cimi Edson Chamorro Guarani Kaiowá.“Eram todos Hilux, carro de luxo de fazendeiro. Chegaram e já foram atirando”, confirmou Otoniel Guarani Kaiowá.

Até este momento o corpo da garota continua desaparecido do mesmo modo que ocorreu com o cacique Nísio Lopes, assassinado em novembro de 2011, cujo corpo também foi levado na caçamba de uma caminhonete. Neta do líder Vento Almeida, Julia não conheceu o avô também assassinado na Tey’Juçu há 55 anos, época em que os Guarani-Kaiowá começaram a ser expulsos do tekoha onde hoje incide a Fazenda Burana.

“A sepultura dele ainda tá nesta terra”, disse à reportagem Leonardo de Souza Kunumi Jeroñtva, cacique do Tekoha Tey’YiKue. Ambos os tekohas  formam o território em processo de demarcação pela Funai. E foi nas terras de plantio de soja que o corpo de Julia tombou na frente de parentes que ainda correram até ela, mas não conseguiram impedir o roubo do  seu corpo. Os indígenas sabem quem atirou  na garota. 

Ousadia
Ontem, um dia após a morte da jovem, lideranças disseram à reportagem do Cimi terem recebido uma ligação do proprietário da Fazenda Burana. Ele avisou sobre um novo ataque que seria feito contra os indígenas entre às 14:00 e 15:00hrs. “Ofereceu dinheiro para sairmos e quando eu disse que não aceitaria ele anunciou o ataque”, disse Edson Chamorro Guarani Kaiowá. Em Nota, a Aty Guasu informou o novo ataque. Ler AQUI! A Polícia Federal chegou na área somente depois do ataque previamente anunciado. 
Agora é esperar que a Justiça prenda o dono da fazenda Burana, o pistoleiro e devolva o corpo de Julia aos familiares que, a esta hora, estão com amigos procurando em meio à soja. E que a presidente Dilma Rousseff acorde para retomar, em caráter de urgência, o processo demarcatório no Mato Grosso do Sul.

Fonte _ Aty Guasu e Cimi

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