6 de outubro de 2014

INDIGENAS SEM MANDATOS


Por Tereza Amaral


Cento e quarenta e dois milhões de brasileiros votaram, ontem, decidindo por um segundo turno entre a petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves. Traduzindo: O país continua nas mesmas mãos dos que arrastam consigo o espectro da estatização da corrupção.

 O Congresso Nacional não se renovou. É um misto de "profissionais da política", palhaço, ex-jogador de futebol, artista, evangélico, ruralista e nenhum indígena. Com apenas 85 candidaturas, o povo originário segue mais quatro anos sem representatividade nas duas casas do povo: Câmara e Senado Federal. E eu fico me perguntando: como querer acabar com as injustiças sem eleger representantes?

Como senão bastasse o genocídio no Mato Grosso do Sul (Guarani-Kaiowá) e Bahia (Tupinambá), dentre outras etnias, a população indígena, entidades e ONGs que os defende ao que parece não acordaram ainda para a necessidade em "demarcar" assento no Congresso Nacional. E em um momento em que a bancada ruralista promove um genocídio legislativo (PEC 215, dentre outras manobras). 

Foto Cacique Ládio Veron _ Natanael Caceres

A falta de investimento em candidaturas indígenas engessa a política indigenista na sua base. Exemplo disso foi a candidatura do chefe indígena Guarani-Kaiowá, cacique Ládio Veron/MS, legitimada pela Aty Guasu (Grande Assembleia dos Povos Guarani e Kaiowá) e consolidada pelo PSOL na disputa por uma vaga na Câmara Federal. Mas com um  impedimento já no nascedouro em um país em que o processo democrático - no que seria a pré-fonte do processo legislativo - é de água turva: ganha quem tem dinheiro.

Dinheiro


E dinheiro foi o que faltou para o candidato Ládio Veron (1.124 votos) que fez uma campanha na raça. Além de 20 mil santinhos doados pelo PSOL, todo dinheiro arrecadado foi da ordem de R$ 3.700 reais, segundo Stéfani Santana (Diretório Regional do PSOL). 

Quantia esta que não elege sequer um vereador quanto mais um deputado federal, cujas projeções são milionárias. Ver AQUI!  A nova cartografia eleitoral revela urgência no acordar para a causa indígena passando, necessariamente, pela representatividade nas câmaras municipais, poderes legislativos, executivos e Congresso Nacional.

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