1 de março de 2014

"Isto é uma vergonha"! Rede Bandeirantes faz campanha suja contra os Tupinambás

Em matéria encomendadas pelo latifúndio, a 
Rede Bandeirantes está realizando uma 
campanha nacional contra os índios 
Tupinambás para justificar o massacre que está
 sendo montado pelo governo e latifundiários

CAUSA OPERÁRIA
Nessa semana o Jornal da Band está apresentando uma série de reportagens claramente encomendada pelo latifúndio em rede nacional. A matéria em questão apresentou o conflito entre os latifundiários e os índios Tupinambás, que estão lutando pela demarcação de suas terras. São seis minutos de reportagem acusando os indígenas de vários crimes e pela violência na região.
A reportagem apresentada pelo âncora do Jornal da Band, Boris Casoy, conhecido por comentários racistas e contra os trabalhadores, como no caso em que humilhou dois garis na TV, mostra o início de uma campanha nacional contra os índios e as demarcações de terra.
Boris Casoy agora deixa de lado os garis e escolhe como a bola da vez os Tupinambás que estão sendo massacrados no Sul da Bahia pelos pistoleiros, polícia e exército para justificar esse massacre.
Chama as diferentes aldeias de “facções” e alega que os indígenas têm dificuldade em se identificar. As “facções”, como são denominadas pelo repórter, na verdade são as diferentes aldeias que existem dentro da área indígena e onde os índios negam a se identificar diante das câmeras por medo de serem perseguido por pistoleiros contratados pelos fazendeiros locais.
A matéria ainda mostra o Cacique Babau como um criminoso violento, com uma milícia fortemente armada causando o terror entre os agricultores. Pior ainda coloca Babau e outros caciques como autores do assassinato de um agricultor ocorrido no início deste mês dentro de um assentamento.
Apresenta ainda casos de violência “supostamente” realizado pelos indígenas, com forte apelo emocional, mas que não explicam absolutamente nada. Serve apenas para colocar a opinião pública contra os índios.
Em outra reportagem mostra uodepoimento de uma pessoa que participava de uma reunião de uma organização de apoio aos indígenas, e nesse dia um colombiano estava dando uma palestra de politização aos índios. Segundo ela, o colombiano já havia sido preso e sempre vinha a região escondido e camuflado. Uma farsa sem limites!
Por outro lado, em julho de 2012 o Jornal da Band, com apresentação de Boris Casoy, cobriu com exclusividade o lançamento da campanha “Time Agro Brasil”, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e da senadora da bancada ruralista, Kátia Abreu (PSD), em mais uma matéria encomendada.
Essa é mais uma matéria paga para a campanha nacional dos latifundiários contra os indígenas e a demarcação de suas terras.

Uma história mal contada

No dia 21 de fevereiro deste ano, Marceli Zelic, publicou uma matéria no Blog Viomundo apresentando o Relatório Figueiredo. Este relatório foi elaborado pelo procurador Jader de Figueiredo Correia para o Ministro Albuquerque Lima entre 1967-68, durante a ditadura militar.
O relatório Figueiredo mostra como os índios tupinambás perderam suas terras na década de 1960 na região de Itabuna e comprovam a existência dos indígenas na região, e que a fabricação de indígenas pela Funai apontada pela TV Bandeirantes e latifundiários é falsa.
Segundo o relatório e depoimento de um integrante da Comissão do Serviço Geográfico do Exército que demarcou as terras na região de Itabuna, Benevides Andrade, a terra indígena teria sido demarcada em 1937. Em 1937, o capitão que foi chefe da comissão de demarcação, alega que deixou “os índios donos da terra sem problemas com vizinhos, gozando de boa saúde e possuidores de gado, animais e etc. O Exército Brasileiro demarcou terras com cerca de 20 léguas de cada lado”, disse Andrade.
No mesmo depoimento, afirma que as terras foram retalhadas por agente do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e que um incêndio criminoso queimou os documentos do SPI no Ministério da Agricultura em 1967.
A terra já havia sido demarcada e foi roubada por políticos e latifundiários durante anos e se agravou na ditadura militar numa tentativa de exterminar os índios e tomar posse de suas terras.
Porém a imprensa ignora esse fato e insiste em colocar a questão indígenas como um bando de aproveitadores e falsos indígenas que estão tentando “invadir” a terra dos agricultores.

Acusação sem provas

Mais uma vez, os indígenas estão sendo culpados por crimes que não cometeram. Um exemplo é o caso do assassinato do agricultor Juraci José dos Santos Santana que ocorreu no início de fevereiro. O agricultor vinha sofrendo ameaças de outras pessoas devido ao processo de compra e venda de lotes dentro do Assentamento Ipiranga.
Porém, a imprensa numa evidente manipulação de informações para culpar os indígenas, vem mostrando o depoimento da esposa do agricultor assassinado, como suposta prova. Em nenhum momento ela diz que foram o indígenas que cometeram o crime, mas matérias foram editadas para depois da fala da esposa, já vir a acusação contra Babau e outros caciques, mostrando seus rostos.
No depoimento da esposa para a polícia não houve como saber quem foi o autor do crime. Segundo ela, os assassinos estavam com os rostos cobertos e diziam nomes dos caciques tupinambás. A questão é para que os assassinos cobririam os rostos e ficariam dizendo os nomes dos supostos “autores” do crime? É uma evidente montagem de uma cena para incriminar os índios.
Mas mesmo assim, a imprensa burguesa utiliza-se dessa cena montada pelo latifúndio como “prova do crime” para ajudar a acusam os índios pelo assassinato.

Campanha contra Babau

O fato de apontar o Cacique Babau como criminoso, mostra para que foi feita a reportagem. O latifúndio quer de qualquer maneira a cabeça do Cacique Babau, uma das principais lideranças da região.
Já denunciamos no Causa Operária Online as ameaças que estão sendo feitas as lideranças e, em especial, ao Cacique Babau. Soldados do exército espancaram e torturaram um índio Tupinambá para saber onde estava Babau e disseram ao indígena que iram fuzilar Babau e seu Irmão, Tete.
A reportagem da Rede Bandeirantes quer justificar uma caçada ao cacique e intimidar todas as outras lideranças de qualquer maneira e utilizando os métodos necessários, assim como caçaram militante e a população que lutava contra a Ditadura Militar nos anos 70.

Porta voz do Latifúndio
No final da reportagem da Rede Bandeirantes fica claro quem foi o responsável pela encomenda. A principal articuladora e porta voz da bancada ruralista e do latifúndio, a senadora Kátia Abreu aparece acusando os índios e demarcação de terras de todo o país.
“Defende” os direitos da população e que esta estaria sendo prejudicada devido a presença dos índios, porém fica claro que a intenção da senadora é defender o latifúndio e que para isso usa como apelo que os pequenos agricultores seriam os maiores afetados.
A senadora Katia Abreu, além de defensora de quem se utiliza do trabalho escravo, ainda lidera uma campanha pela aprovação da PEC 215, que transfere para o Congresso a prerrogativa de demarcar terras indígenas.
Também é acusada de utilizar do trabalho escravo em suas terras, como constatou o Ministério Público do Trabalho (MPT) na fazenda Água Amarela, em Araguatins, no Tocantins, 56 trabalhadores sob um regime análogo a escravidão.
Ou seja, trata-se de um verdadeiro “senhor de engenho” que quer de volta ao país o trabalho escravo e o extermínio dos índios.
Justificar o massacre
Essa campanha colocada em rede nacional pela Band serve aos interesses dos latifundiários e especuladores imobiliários da região para justificar o massacre que está sendo realizado pelo governo e latifúndio contra os Tupinambás.
Querem preparar o terreno e a opinião pública para ações mais enérgicas contra os índios, visto que o exército já se encontra preparado para tal ação.
Essa campanha absurda está sendo utilizada para atacar os direitos indígenas nacionalmente e deve ser denunciada e respondida por todas as organizações de classe que defendem os que lutam pela terra.

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