23 de maio de 2013

Indígenas Guarani-kaiowá divulgam Nota contra genocídio e apoio aos Terena


Nota da grande assembleia Aty Guasu Guarani-Kaiowá contra genocídio



Conselho do Aty Guasu Guarani e Kaiowá através desta nota pública vem repudiar aos trágicos acontecimentos no Mato Grosso do Sul com os nossos parentes nativos Terenas do território tradicional Buriti. É evidente que a terra tradicional Terena já foi reconhecida pela FUNAI e pelo Ministro da Justiça e os fazendeiros invasores não quer devolver as terras aos Terenas. Essa é a verdade da história. Agora, os fazendeiros invasores vão ter que devolver aos ocupantes nativos Terenas, acabou paciências dos indígenas.

Importa destacar que essas violências contra as vidas indígenas decorrem por conta de atraso na devolução definitiva das terras indígenas já reconhecidas pelo governo, reconhecimento dessas terras indígenas ocorreu conforme os nossos direitos indígenas constantes na Constituição Federal.
Além disso, por meio desta nota, nós Guarani-Kaiowá, na condição dos povos nativos, resistentes e guerreiros há 513 anos, vimos reafirmar que nessa luta pelas terras tradicionais, apoiamos e estamos juntos com os nossos parentes Terenas.

Entendemos muito bem que essas ações truculentas promovidas pelos fazendeiros invasores dos nossos territórios indígenas é parte do processo de genocídio histórico do atual Brasil. Há séculos, nos fomos massacrados, violentados e expulsos de nossas terras tradicionais, diante disso vamos lutar e recuperar as nossas terras.
Em 2013, já decidimos que não vamos mais assistir parado a um genocídio de nossos povos nativos no século XXI, acabou a nossa paciência indígenas. Sim, declaramos que nós todos indígenas Terenas e Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul vamos lutar juntos reiteradamente para recuperar as nossas terras invadidas pelos invasores fazendeiros que além de ser truculentos e já enriqueceram de forma injusta sobre as nossas terras indígenas tradicionais.

Várias decisões em curso tanto da justiça federal como do governo federal revela que a justiça e governo do Brasil não vão efetivar os nossos direitos, sobretudo ignoram nosso direitos indígenas, como de sempre, o Estado Brasileiro quer nos dizimar/extinguir, para isso a cada decisão da justiça e do governo federal estimula e permite a violência hedionda, as ameaças de morte das lideranças, os assassinatos de intelectuais, xamãs e, sobretudo alimentando o genocídio em 2013, em pleno século XXI. Diante desse fato, decidimos lutar juntos e reocupar e recuperar as nossas terras tradicionais e efetivar os nossos direitos constitucionais.

Destacamos, sucintamente, alguns dos inúmeros fatos que compõem este hediondo cenário atual. Não devolução de várias terras indígenas tradicionais reivindicadas que já foram reconhecidas e demarcadas pelo governo em meados de 1980, 1990 e 2000. Nós indígenas já aguardamos a devolução de nossas terras pacientemente há décadas. No contexto em que houve e há ainda a expulsão dos indígenas para beiras de estrada/rodovias, acampados em abrigos de lona preta, com temperaturas elevadas, há anos, consumindo água contaminada; a exclusão violenta ao acesso a recursos para caça, pesca, cultivo; as injúrias e incitações públicas ao racismo e à discriminação, as ameaças de morte, a impossibilidade de mobilidade segura para centenas de indígena Terena, Guarani-Kaiowá. Além disso, os mandantes fazendeiros e autores (pistoleiros) das agressões e dos assassinatos indígenas são impunes pela justiça do Brasil. Há dezenas de lideranças assassinadas pelos fazendeiros e demais estão ameaçados de morte que a investigação policial está paralisada tanto na polícia federal como na justiça federal.
Em geral, observamos que no seio dessas manifestações públicas dos fazendeiros e políticos anti-indígenas e na decisão da justiça federal somente são incitadas e estimuladas o racismo, violências, sobretudo o extermínio/genocídio Terena e Guarani-Kaiowá.
Por fim, queremos informar, mais uma vez, a todos os cidadãos (ãs) do Brasil e do mundo que os povos Guarani-Kaiowá das terras indígenas em conflito e dos acampamentos do cone sul de Mato Grosso do Sul estão junto com o povo Terena e apoia e apoiará integralmente a recuperação das terras indígenas tradicionais. Custe o que custar, vamos recuperar as nossas terras tradicionais. “Morrer se for preciso, matar jamais”. Estamos muito cientes que ao longo de 513 anos, lutamos de forma árdua para sobreviver, somos povos nativos pacientes, sabemos aguardar, porém já perdemos paciência, já esperamos muito, já lutamos muito e vamos continuar lutando reiteradamente pelas efetivações dos nossos direitos e recuperar todas as nossas terras tradicionais. Não negociamos as nossas terras tradicionais em que foram derramados sangues de nossos antepassados. Essa é a nossa decisão definitiva, irrevogável e inegociável.

Atencisoamente,
Tekoha Guasu, 22 de maio de 2013.
Lideranças Guarani-Kaiowá

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